Fotos: arquivo pessoal
A médica Maria de Lourdes Pinto Trindade, ou, simplesmente, doutora Lurdinha, como é conhecida, tem 67 anos, e nasceu na Casa de Saúde de Santa Maria. Estudou no Colégio Sant'Anna, desde as séries iniciais, e seguiu até o fim do Ensino Médio. Ainda na adolescência, demonstrava a vontade de ser médica pediatra. Cursou Medicina na UFSM e se formou e em 1976. Em 1982, conheceu o esposo, Derli Bolsin Trindade, professor universitário, 70 anos, com quem tem três filhos: Luiza Trindade Losekann, promotora, 33 anos, Julia Pinto Trindade, médica psiquiatra, 32, e Othavio Pinto Trindade, estudante, 20 anos. Por toda a vida, permaneceu no Coração do Rio Grande.
Radicada no Bairro Perpétuo Socorro, onde morou por muito tempo na Rua Sete de Setembro, já realizou plantões na Casa de Saúde, Pronto Atendimento do Bairro Patronato, Pronto Atendimento da Cohab Tancredo Neves, e Unimed 24h.
Atualmente, atende no Hospital da Brigada Militar, e no consultório, que mantém no mesmo local, na Rua Alberto Pasqualini, há 32 anos. Ela adora animais. A médica, que tem oito cachorros e três gatos, sempre ressalta a paixão pela medicina e comemora o fato de antigos pacientes, hoje, levarem seus filhos para consultar com ela. Nas férias, adora viajar para a praia. Tem no bom relacionamento uma marca registrada. Prova disso é a parceria que tem com a secretária Ana Maria Flores da Silva, com quem trabalha há 33 anos.
Diário - A senhora sempre quis ser médica?
Lurdinha Pinto Trindade - Até os 8 anos de idade, eu queria ser professora. Depois, passei a dizer que seria médica e pediatra. Após ingressar no curso de Medicina da UFSM, quando chegou a época de estágio, pensei um pouco se era aquilo que eu queria mesmo, e decidi que sim. Fiz residência em pediatria e sempre atuei nessa área. Amo o que faço. Se estiver cansada, quando chego para trabalhar, a canseira vai embora e eu fico bem.
Lurdinha, (à dir.), ao lado dos filhos Luiza (à esq.), Othavio e Julia, na formatura de Julia, médica psiquiatra
Diário - Fale um pouco da paixão pela pediatria e pela medicina.
Lurdinha - Desde a adolescência, eu juntava as crianças vizinhas e amigas da Rua Sete de Setembro (onde morava), e fazia comida para elas. Na época, eu devia ter 14 anos. Sempre adorei crianças. Fiz pediatria e me realizei. Já trabalhei em vários locais de plantão e é gratificante quando você consegue resolver um problema, acompanhando internação, tratamento e cura. O decepcionante é que, pelas condições que a saúde pública apresenta, bastante desgastada, ficamos tristes quando não conseguimos resolver algum caso. Apesar dos percalços, a medicina é tudo para mim. Amo o que faço! Adoro atender as pessoas e ajudar. Quando me formei, não pedi para ficar rica. Pedi para que nenhum paciente morresse nas minhas mãos. Minha felicidade na pediatria é ver de volta um sorriso na criança, pela melhora, e o agradecimento dos familiares pela ajuda. Ver a emoção dos pais com o primeiro choro do bebê é um momento único. Também faz parte chorar com a família, quando não chegamos ao sucesso no tratamento.
Diário - Houve algum momento frustrante na medicina?
Lurdinha - Graças a Deus, nenhum paciente morreu nas minhas mãos. Dos pacientes de consultório, nunca perdi nenhum. Único fato que lembro, é que um paciente que havia passado por mim, faleceu tempos depois, em Uruguaiana, devido a um choque anafilático. Mesmo eu não estando presente nessa hora, toda vez que eu via os pais dele, vinha um filme na minha cabeça. Claro, que por trabalhar em plantão, alguns casos são inevitáveis. Aconteceu, por exemplo, no PA do Patronato, e também da Tancredo Neves, de pacientes chegarem quase em óbito e não dar tempo de socorrê-los. Infelizmente, isso acontece para quem faz plantões médicos.
Diário - A Casa de Saúde foi o principal local de trabalho para a senhora?
Lurdinha - Trabalhei por 17 anos na Casa de Saúde. Sempre gostei de trabalhar lá, pois é o hospital onde nasci. Quando estava grávida, fiz questão de ganhar meus filhos naquele local. Tenho um elo muito grande com a Casa de Saúde. No início, era o hospital dos ferroviários, profissão do meu pai. Isso tudo fez com que minha dedicação à Casa de Saúde fosse grande.
Diário - O que a senhora mais gosta ou costuma fazer nas horas vagas?
Lurdinha - Gosto muito de praia. Minhas férias são tiradas no tempo quente para poder aproveitar o calor. Já, quando não consigo tirar no verão daqui do Rio Grande do Sul, procuro viajar para o Nordeste. Gosto de animais. Tenho oito cachorros e três gatos. O contato com os bichinhos me deixa feliz. Toda vez que vejo algum animal perdido, não deixo de compartilhar no meu Facebook , além de ajudá-los financeiramente. Quando comecei a ter animais de estimação, até perdi amigos que não gostavam deles (animais). Mesmo assim, eu gosto muito.